segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ilha de Marajó - PA

Pra quem está na capital paraense Belém é quase que um crime não pegar uma embarcação e ir para a Ilha de Marajó. E como não quis carregar essa culpa, fui para o município de Soure, la na ilha. Dizer que aquele lugar é mágico é pouco. Dizer que qualquer lugar bonito é mágico, na verdade, é um clichê, mas como fugir de clichês diante de tanta beleza, diante de tanta exuberância, diante dessa magnitude natural dentro do nosso País?

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Em um único dia é possível tomar um delicioso café da manhã com tapioca, ir de mototaxi para a praia da Barra Velha, ver búfalos pelo caminho (isso mesmo, búfalos), atravessar um trapiche no meio do mangue, dar de cara com uma cobra nessa travessia, ver surgir diante de nossos olhos o cenário mais bonito da sua vida, com coqueiros, casinhas de palha e manguezais, tomar banho nas pequenas piscinas de água do mar que se formam na areia enquanto a maré não enche, tirar foto de uma ave de rapina fazendo uma refeição na areia, comer caranguejo toc toc debaixo de um céu azul, tomar sol perto da linha do equador, conversar com o Seu João, um senhor que vive e trabalha na praia da Barra Velha servindo seus clientes com maestria, sempre sorrindo, sempre prestativo, sempre simpático, voltar pro hotel, comer um delicioso frango no tucupi com farinha de tapioca, andar na rua durante a noite e cruzar com outro búfalo, que estava alí de passagem e, no meio da caminhada de volta, encontrar uma moeda época do império, de 1860, na rua.
















Quem pisa naquela região tem como garantia dias de sorriso no rosto, corpo relaxado, bom atendimento, boa comida, clima quente e inúmeras belezas naturais pra encher os olhos.

Quando chega a hora de ir embora, fica no peito a sensação de alegria mas a saudade já vai nascendo antes mesmo da partida. Nunca mais se esquece daquele lugar, daqueles sorrisos, daquela magia, daquela alegria e daquela simplicidade.

O Brasil é muito mais do que muitos brasileiros imaginam. Em toda a minha vida e em toda a minha experiência de viagens pelo nosso país nunca conheci um lugar como a Ilha de Marajó.

A alegria de ter conhecido esse lugar se transforma em preocupação quando pensamos se lugares como este resistirão a um futuro de especulação imobiliária e de ganância pelo luxo. Não se deve permitir que nossa riqueza e exuberância natural se percam e virem cimento, ferro, concreto e asfalto.

Próximo destino: Santarém

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Belém - PA

Nunca mais havia postado nada aqui no blog. Já havia considerado que não postaria mais nada aqui. Mas fui surpreendido com a quantidade de acessos e com a frequência de acessos aqui na página. Mais de 4.000 acessos e pelo menos três acessos por dia. Uaaaauuuu rsrs.

Então, já que tem gente interessada em saber mais sobre como é viajar sem rumo pelo nosso país, resolvi dar continuidade na maratona de postagens.

Vamos falar um pouco sobre o Pará. Aaaaa o Pará!

Não morra sem conhecer o Pará!

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Antes, peço que você, leitor, se coloque na minha situação: nunca havia pisado no norte do país, não tinha muito contato com a cultura do norte, não gostava da música do norte (afinal moro em São Paulo e nós paulistanos temos uma visão mesquinha, quadrada, de rédias curtas, sobre a música do norte. Não só sobre a música,  mas sobre os costumes, a cultura em geral. As vezes os paulistanos me cansam), pra mim a música do norte se resumia em tecno-brega e eu fui condicionado a não gostar desse estilo. Pra mim o norte se resumia em Amazônia, boto cor-de-rosa, peixe-boi, vitória régia e violência! Sim, a violência me assombrava!

Recebi um convite para participar de uma viagem de campo que contemplaria algumas regiões do Baixo Amazonas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Predefini%C3%A7%C3%A3o:Mesorregi%C3%A3o_do_Baixo_Amazonas) com o objetivo de fazer algumas filmagens para um pequeno documentário e para servir de "cobaia": quais as primeiras impressões de uma pessoa, cosmopolita, que nunca havia pisado naquelas terras? Como seria a adaptação?

E o que fiz? Topei na hora!

Fiz um voo de São Paulo para Belém, chegando a noite na capital paraense, e fui de Táxi até um hotel no bairro de São Brás. No caminho perguntei pro taxista sobre os times de futebol da região, onde ficavam os estádios e ele disse que passaríamos em frente. Quando passamos me surpreendi com a localização: os dois rivais, Paysandu e Remo, equivalente ao Corinthians e Palmeiras, ao Fluminense e Flamengo, ao Cruzeiro e Atlético MG, ao Internacional e Grêmio, tinham os seus estádios um de frente pro outro, com uma rodovia os separando! Fiquei imaginando cenários de guerra constantes ali por perto (afinal a violência nortista pairava sobre meus pensamentos. Imagina essa "tradição violenta" com o calor do futebol envolvido!), mas desencanei do assunto e segui em falando do tempo com o taxista.

Até então, tirando o clima quente e úmido e a paisagem que mesclava prédios, concreto e grandes árvores (não confunda com mata, apenas árvores pela cidade), não me senti deslocado e prestes a ser atacado por uma onça ou destroçado por insetos. Me surpreendi com a frota dos carros que andam pelas ruas de Belém. Todos novos, bem cuidados, não se via carros capengando (mais um dado que não passa despercebido pela visão de quem contempla filas e filas de carros poluindo a cidade todos os dias).

No dia seguinte fui conhecer a cidade com um certo receio de levar uma facada e ser assaltado, ou agredido. Andei, parei, olhei, atravessei, fiz cara de poucos amigos e, quando menos esperei, estava sendo agredido única e exclusivamente pelos raios de sol. Era um calor da bexiga!! E como adoro calor, depois de 20 minutos eu estava andando pelas ruas de Belém como ando pelas ruas do Jd. Sta. Terezinha (Bairro da Zona leste, que tem como vizinho os bairros Parada XV de Novembro, Jd. Robru, Guaianases, São Miguel Paulista, Curuçá...e uma avenidona chamada Avenida Nordestina). Eu estava me sentindo em casa.

Fui conhecer o Terminal Hidroviário de Belém (Porto Luiz Rebelo Neto), onde tomei a minha primeira Cerpa geladíssima, e tomei o meu segundo Tacacá com Tucupi, num local super agradável pra terminar a tarde (mas quando o assunto é Tacacá, nada melhor do que as barraquinhas de rua, perto do mercado Vêr-o-peso), o Mercado Vêr-o-peso e o Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém (popularmente conhecido como Forte do Presépio) e algumas estruturas antigas da região, além da Catedral Metropolitana de Belém (ou Catedral da Sé) e a Igreja Nossa Senhora das Mercês. Todos esses pontos citados ficam na baia de Guajará.
















Além destes locais, fui conhecer também o Museu Paraense Emílio Goeldi, que foi visitado para fins de pesquisa na biblioteca, que conta com um enorme acervo sobre a cultura amazônica.

Todos os deslocamentos (menos do aeroporto até o hotel e na saída, do hotel até a hidroviária, que foram feitos de Taxi) foram feitos de transporte público. Passamos pelas "quebradas" de Belém quando pegamos uma lotação para voltar para o bairro de São Brás e nesse vai e vem ficamos em contato com o movimento da cidade, andamos com o tecno-brega tocando às alturas e depois de um tempo você fica meio que convertido e se rende a alegria do som. O sorriso das pessoas, o clima caribenho (estamos muito mais próximos do caribe naquela região), a velocidade com que a cidade funciona, a proximidade dos rios, tudo isso cria um ambiente que torna aquele estilo musical super agradável. Até hoje escuto tecno-brega com carinho, com outros olhos, e me divirto com o som, não me causa mais o asco preconceituoso que me causava antes. Fui aculturado! E lá também tive contato com o Carimbó, que é uma delícia de música. Recomendo Pinduca (mestre!) e Dona Onete pra quem não conhece e tem curiosidade sobre o som!

Então, nesse resumo da minha ida até Belém, gostaria que ficasse claro uma coisa: saí de lá vivo! E muito mais do que vivo, saí de lá feliz. Pra falar a verdade não queria ter saído de lá. Belém do Pará conquistou o meu coração.

E a dica que fica para quem for pra lá: Vá depois de junho/julho, quando eles entram no verão (que é um período de estiagem e calor intenso), e, se possível, vá no período do Círio de Nazaré (que acontece em Outubro), me disseram que a cidade, que já é linda e super convidativa, fica muito mais atraente, aconchegante e cheia de fé!

Depois que conheci o Pará eu me senti mais brasileiro!

Próximo destino: Ilha de Marajó - Pará